segunda-feira, 31 de março de 2008

Ressocialização... Utopia ou dignidade?

O que tenho a dizer é: em primeiro lugar; sociologicamente falando, a palavra "ressocialização" não existe, o que me faz concordar plenamente com a Guadalupe. Isto pois, nós, seres humanos, estamos em constante socialização. E o que seria isso? Estamos constantemente nos adaptando com o que nós chamamos de sociedade. Tentamos seguir o seu ritmo, acompanhar a moda, assistir aos jornais... enfim, tentamos nos manter da melhor forma possivel, nela. Sendo assim, a partir do momento que uma pessoa tem a sua liberdade privada e passa a viver em um presídio, encarceirado, esta pessoa passa a viver em uma nova sociedade. Ali as regras são outras, a linguagem muda, os hábitos, os costumes, as pessoas etc. Portanto, volto a repetir: este termo "ressocializaçao" é errôneo e inadequado, haja vista que o homem nao retrocede (pelo menos, nao em termos gerais".
Meu segundo comentário é: levando-se em consideraçao que o este termo teria o sentido de reintegração, reeducaçao reintegraçao: eu, pelo pouco que conheço, já li, já vi e estudei sobre o nosso sistema carcerário, sinceramente creio que esta palavra nãoo passa de uma utopia. É impossivel crer que um ser humano pode ser melhor vivendo sob as condições sub-humanas em que são submetidos lá dentro. Como pode um homem, que as vezes, apenas furtou, por necessidade, fome etc; se "arrepender" do que fez, quando este se ve enjaulado em uma cela, ao redor de mais 10 outros homens que tiveram o sangue frio para cometer crimes verdadeiramente bárbaros??Os presídio passam então a ser escolas do crime, uma máquina de se fazer monstros. Pior, sei que nem todos se corrompem, ao passo que tambem sei que os que são corrompidos, nem sempre o são por prazer ou por vontade própria. Da mesma forma em que tentamos nos manter nesta sociedade aqui fora, os que se encontram lá dentro, tambem o tentam. Isso se chama NECESSIDADE. Ou se corrompe, ou morre.
Sei tambem que isto nao é uma regra geral, mas é um número considerável; e acredito que esta corrupçao que ocorre lá dentro, é justamente pq, grande parte dos detentos nao tiveram a sorte que o marcelo tem, qual seja esta, a de ter uma base familiar sólida. E eu volto mais uma vez a sociologia, que prova que os 3 grandes alicerces de um ser humano sao: a familia, a educaçao e a religiao.
Se sabe que no pais em que vivemos, educaçao só é para todos na teoria; na folha de papel de nossa constituição. Religiao nao se pode impor, vai de cada um.A família passa a ser a viga-mestre de um ser humano. E é aí que está a ponta do iceberg: aquele que nao tem uma familia equilibrada, que nao tem em quem se apoiar, vai ter forças pra lutar lá dentro? Vai ter motivos, razoes, objetivos para se manter vivo e "incorrupto" lá dentro? Creio que nao.
Por fim, o ultimo comentario que faço, é a respeito desta reinserçao do ex-presidiario nesta sociedade patriarcal e capitalista. Muito se discute a respeito de como fazer para que o ex-presidiario possa melhorar lá dentro para se tornar apto a voltar aqui pra fora. O que nao se pergunta é: será que as pessoas que estao lá dentro realmente querem voltar pra cá? Pra essa mesma sociedade que os oprime, que os prejudica, que os discrimina? Pois se já nao fosse o bastante ser, na maioria das vezes, negro e pobre; esse ser humano, depois de "liberto, passa a carregar nas costas o estigma de ex-presidiario; e esta é uma marca que tratamento algum pode tirar do corpo deste individuo...
Portanto, o que tem que se pensar não é, somente, o que fazer para que esses presidiarios se arrependam e voltem "sãs", para a nossa sociedade. O que há de se pensar é, o que fazer para evitar que alguem possa ir parar lá. A partir disto é que se pode começar a pensar em um individuo "ressocializado".
Acredito tambem, que os estudos do Direito, mais do que nunca, deveriam se juntar aos estudos da psicologia e da psicanalise humana; pois antes mesmo de julgarmos e condenarmos alguem, é preciso conhecer e entender este alguem.

P.S: Para quem não entendeu nada, entra aí: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=88728&tid=2581543995107940347&na=4
Alanna Sousa

domingo, 30 de março de 2008

Engraçado como são as coisas. Hoje parei para pensar o que quero de minha vida, do meu futuro; cheguei a conclusão que quero tudo e que nada quero, ao mesmo tempo.
Queria que o dia tivesse 25 horas, pra ver se eu dava conta de fazer tudo que me vem à cabeça. Mera utopia; nos dias de hoje, quanto mais se tem, mais se quer, e portanto, não seria diferente com o tal "tempo". Com certeza, se eu tivesse essa hora a mais no meu dia, eu, ao mesmo tempo, não a teria, por que outras coisas lhes roubaria o lugar: meus livros, , a internet, minha afilhada querida, o sono, a preguiça ou mesmo a inércia.
O fato é que tenho que me decidir, pois o tempo vai passando e as oportunidades não ficam para sempre. Uma boa notícia: parece que começarei a realizar mais um dos meus sonhos de vida; cursar psicologia no próximo semestre. Hoje toque no assunto com os meus pais: minha mãe falou logo: tu vais ficar LOUCA.
Meu pai, apesar de "concordar" com a minha mãe, nesse sentido, assim me disse: "tu és estudante profissional; enquanto eu tiver vida, trabalharei para que tu e teus irmãos fiquem loucos de estudar, comam livros. Não quero que você seja boa, quero que você seja a melhor. Não quero que tu faças teu trabalho bem feito, quero que tu faças "a" diferença. Enquanto eu puder trabalhar, se tu optares por apenas te dedicar aos estudos, pois assim, será".
A partir dessa conversa, milhares de coisas me vieram à cabeça.
Quantas pessoas não tem os pais que eu tenho, que apoiam as minhas loucuras. Há aqueles que têm pais que só apoiam materialmente, outros, moralmente; mas há também aqueles, que igualmente a mim, têm, graças a Deus, os dois; mas diferentemente de mim, não sabem dar valor a isso. E eu vejo isso nos meus próprios irmãos.
Todos eles, ou praticamente todos eles, tiveram a oportunidade de estudar que eu tive. Meu pai, como ele mesmo gosta de dizer, brincou de "jogar dinheiro fora", ao pagar as melhores faculdades, dos melhores cursos para os meus irmãos, que simplesmente não deram valor. Por quê?? Só eles, e Deus sabem.
E é nessas horas que eu começo a achar graça das pessoas e do mundo.
Cansei de ver nos noticiários que o mercado de trabalho (em especial o do direito) está saturado, que não sei quantos mil se formam bacharel neste curso, e que acabam desempregados, mas com o diploma pregado na parede.
Pois bem, eu compactuo da idéia do grande civilista Venosa, que em uma palestra que tive o prazer de assistir, disse que o Direito é um Dom. Não é pra qualquer um.
Bem, eu vou mais além; não somente a área do direito é um dom. Tudo aquilo que se faz em vida é um dom. Cada um com os seus.
Para mim, o motivo da saturação do mercado de trabalho jurídico, não é a grande quantidade de bacharéis que se formam (com ou sem qualidade) e são cuspidos na sociedade, mas sim, a incapacidade, a incompetência, a não persistência e a falta de fé de quem acredita no que faz. Isso sim explica! Por que em um ramo, em que milhões de portas encontram-se fechadas, porém destravadas, as pessoas não querem ter o trabalho de girar a maçaneta e atravessar essa porta. Para alguns, essa porta se transforma em um muro de Berlim, e isso, para mim, é um absurdo; é inaceitável. O fato é que ser bacharel em direito, nos dias de hoje, significa para a maioria, decorar códigos e vez ou outra ler uma doutrina ou jurisprudência, para no final, tentar a "sorte" na prova da OAB. Bem, para esses que entram no curso de Direito com esse pensamento, com essa intenção, tudo que eu posso dizer é que as portas não só estarão fechadas, como também trancadas e com cadeado passado.
E é incrível como as pessoas sempre querem muito, mas se contentam com pouco, por pura preguiça de sonhar.
Portanto, depois de muito refletir, cheguei a uma conclusão: reunirei todos os meus esforços para realizar o sonho de meus pais; o de ficar "LOUCA"; o de ser "A" melhor e de fazer "A" diferença, nem que para isso eu tenha que dobrar o números de livros a serem lidos, com as mesmas 24 hs que eu continuo e continuarei tendo. Cursarei a minha tão sonhada psicologia, abrirei mão de festas, de noites de sono, e infelizmente, até mesmo, da adorável companhia de meus familiares e amigos; pessoas que me dão força para seguir em frente na minha loucura.
Para tanto, tenho que agradecer à Deus não só pelos pais que tenho, e que me dão essas oportunidades, mas às pessoas que Ele tem colocado na minha vida, e que têm sido meus grandes exemplos de vida. Talvez eles nem saibam o quanto os venero, mas se um dia eles chegarem a ler isso aqui, no fundo, no fundo saberão quem são.
Portanto, àqueles que têm feito de minhas loucuras, uma realidade; meus sinceros agradecimentos.

Alanna Sousa

sábado, 29 de março de 2008

E ela já não sabia mais quem era.
Jogada, ali, entre quatro paredes, chorava lágrimas de um cão sem dono em busca de abrigo. Procurava um apoio, uma parede que fosse, ao menos para que pudesse se encostar.
De nada adiantaria. O tempo deixava marcas em seu coração dilacerado que sangrava como um feto abortado de uma mão que não lhe queria.
Mas ela não desistiu; foi em frente. E no meio do caminho se perdeu em seu próprio sonho. Sonhava acordada consigo mesma e com a ilusão de um dia ser feliz.
Viajou os quatro cantos do mundo. Perseguiu seus medos, por medo que estes a perseguissem...
Parou várias vezes no meio do caminho para respirar, mas até o ar lhe custava caro; e ela não tinha como pagar.
Quis trabalho; ninguém lhe deu. E como se não bastasse, ninguém também lhe deu carinho e um quarto para dormir.
De volta aos quatro cantos da mesma parede, ela se deu conta que voltava ao mesmo lugar; de onde nunca deveria ter saído.
Era hora de acordar...

Alanna Sousa

quarta-feira, 26 de março de 2008

"Versos íntimos"

"Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que te afaga é a mesma que te apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija"
(Augusto dos Anjos)
Para bom entendedor, meia palavra basta.
(Puta demais para conseguir pensar e escrever algo concatenado aqui)

Alanna Sousa

domingo, 16 de março de 2008

"EU RIO DA CARA DO PERIGO"

E eu, que um dia temi à bichos-papões e à todas essas criaturas imagináveis, porém, inexistentes; hoje temo à vida.
Sim, à vida. A vida e a forma como se vive.
Já não me rendo mais à violência que se vê estampada nas capas de revistas e manchetes de jornais. Tampouco temo a morte; estas nos são inevitáveis.
Pergunto-me então: que devo eu temer, diante de tudo isso?
Temo a vida sem limites, o amor sem ilusão; temo a solidão.
Temo ao meu próximo, o meu semelhante, àquele que nos tira a vida sem pestanejar, sem chance para qualquer tipo de suplício. Temo-o não por que ele pode me levar de encontro com essa tal "morte", mas porque ele me pode tirar a vida.
Para quem não sabe viver, a linha que separa um termo do outro pode parecer tênue, quem sabe, até mesmo inexistente. Mas para mim, que vivo de sonhos e me alimentos dessas ilusões, a diferença me é tão notável, que chega a encomodar.
Mais do que temer aos homens, temo à mim mesma; pois ainda que o homem não seja o lobo do homem - como outrora dissera Hobbes -, sei também que cordeiro ele não o é.
E por temer tudo isso é que vivo assim: enfrentando meus temores, superando obstáculos e desafiando a mim mesma, sempre que possível; pois que perigoso mesmo é viver. E eu?!?... eu "rio da cara do perigo".


Alanna Sousa

sábado, 15 de março de 2008

Ladies and gentlemen, welcome to my mind!

"Invejo - mas não sei se invejo - aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer". (Fernando Pessoa)
Não, eu não pretendo fazer disso aqui um diário contando todos os pormenores da minha vida, tão pouco pretendo que as minhas idéias e pensamentos sejam considerados uma verdade absoluta. Mas ainda que nada disso seja, é, sem sombra de dúvidas a minha vida e as minhas verdades. Acredite se quiser. Entre, sente-se, leia, divirta-se e se possível, comente. Não que o seu comentário vá fazer (diretamente) muita diferença no meu modo de ver e pensar a realidade que vivo (que não necessariamente é a mesma de você), mas deve servir para alguma coisa. Além disso, críticas, sejam elas construtivas ou não (se é que isso é possível), serve para perceber quão diferente são as pessoas, e portanto, o seu modo de pensar.
Também não quero fazer disso aqui uma biografia, pois ninguém está apto a fazê-la. Ninguém pode saber tanto sobre a vida de alguém a ponto de resumí-la em páginas frágeis de papel que sucumbirão ao tempo, ninguém, nem mesmo eu seria capaz de escrever sobre mim mesma. Ninguém se conhece tão bem a ponto de se descrever em uma autobigrafia. E isso é fácil de se comprovar, basta ficar diante de uma situação inusitada para percebemos que jamais se pensava em reagir daquela maneira. Portanto, como disse antes, entre e sinta-se a vontade. A casa é sua, mas a vida é minha, sendo assim, começo hoje a narrar minhas impressões com ou sem nexo. E ainda que nada disso faça sentido para mim ou para vocês, "são as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer".