domingo, 30 de março de 2008

Engraçado como são as coisas. Hoje parei para pensar o que quero de minha vida, do meu futuro; cheguei a conclusão que quero tudo e que nada quero, ao mesmo tempo.
Queria que o dia tivesse 25 horas, pra ver se eu dava conta de fazer tudo que me vem à cabeça. Mera utopia; nos dias de hoje, quanto mais se tem, mais se quer, e portanto, não seria diferente com o tal "tempo". Com certeza, se eu tivesse essa hora a mais no meu dia, eu, ao mesmo tempo, não a teria, por que outras coisas lhes roubaria o lugar: meus livros, , a internet, minha afilhada querida, o sono, a preguiça ou mesmo a inércia.
O fato é que tenho que me decidir, pois o tempo vai passando e as oportunidades não ficam para sempre. Uma boa notícia: parece que começarei a realizar mais um dos meus sonhos de vida; cursar psicologia no próximo semestre. Hoje toque no assunto com os meus pais: minha mãe falou logo: tu vais ficar LOUCA.
Meu pai, apesar de "concordar" com a minha mãe, nesse sentido, assim me disse: "tu és estudante profissional; enquanto eu tiver vida, trabalharei para que tu e teus irmãos fiquem loucos de estudar, comam livros. Não quero que você seja boa, quero que você seja a melhor. Não quero que tu faças teu trabalho bem feito, quero que tu faças "a" diferença. Enquanto eu puder trabalhar, se tu optares por apenas te dedicar aos estudos, pois assim, será".
A partir dessa conversa, milhares de coisas me vieram à cabeça.
Quantas pessoas não tem os pais que eu tenho, que apoiam as minhas loucuras. Há aqueles que têm pais que só apoiam materialmente, outros, moralmente; mas há também aqueles, que igualmente a mim, têm, graças a Deus, os dois; mas diferentemente de mim, não sabem dar valor a isso. E eu vejo isso nos meus próprios irmãos.
Todos eles, ou praticamente todos eles, tiveram a oportunidade de estudar que eu tive. Meu pai, como ele mesmo gosta de dizer, brincou de "jogar dinheiro fora", ao pagar as melhores faculdades, dos melhores cursos para os meus irmãos, que simplesmente não deram valor. Por quê?? Só eles, e Deus sabem.
E é nessas horas que eu começo a achar graça das pessoas e do mundo.
Cansei de ver nos noticiários que o mercado de trabalho (em especial o do direito) está saturado, que não sei quantos mil se formam bacharel neste curso, e que acabam desempregados, mas com o diploma pregado na parede.
Pois bem, eu compactuo da idéia do grande civilista Venosa, que em uma palestra que tive o prazer de assistir, disse que o Direito é um Dom. Não é pra qualquer um.
Bem, eu vou mais além; não somente a área do direito é um dom. Tudo aquilo que se faz em vida é um dom. Cada um com os seus.
Para mim, o motivo da saturação do mercado de trabalho jurídico, não é a grande quantidade de bacharéis que se formam (com ou sem qualidade) e são cuspidos na sociedade, mas sim, a incapacidade, a incompetência, a não persistência e a falta de fé de quem acredita no que faz. Isso sim explica! Por que em um ramo, em que milhões de portas encontram-se fechadas, porém destravadas, as pessoas não querem ter o trabalho de girar a maçaneta e atravessar essa porta. Para alguns, essa porta se transforma em um muro de Berlim, e isso, para mim, é um absurdo; é inaceitável. O fato é que ser bacharel em direito, nos dias de hoje, significa para a maioria, decorar códigos e vez ou outra ler uma doutrina ou jurisprudência, para no final, tentar a "sorte" na prova da OAB. Bem, para esses que entram no curso de Direito com esse pensamento, com essa intenção, tudo que eu posso dizer é que as portas não só estarão fechadas, como também trancadas e com cadeado passado.
E é incrível como as pessoas sempre querem muito, mas se contentam com pouco, por pura preguiça de sonhar.
Portanto, depois de muito refletir, cheguei a uma conclusão: reunirei todos os meus esforços para realizar o sonho de meus pais; o de ficar "LOUCA"; o de ser "A" melhor e de fazer "A" diferença, nem que para isso eu tenha que dobrar o números de livros a serem lidos, com as mesmas 24 hs que eu continuo e continuarei tendo. Cursarei a minha tão sonhada psicologia, abrirei mão de festas, de noites de sono, e infelizmente, até mesmo, da adorável companhia de meus familiares e amigos; pessoas que me dão força para seguir em frente na minha loucura.
Para tanto, tenho que agradecer à Deus não só pelos pais que tenho, e que me dão essas oportunidades, mas às pessoas que Ele tem colocado na minha vida, e que têm sido meus grandes exemplos de vida. Talvez eles nem saibam o quanto os venero, mas se um dia eles chegarem a ler isso aqui, no fundo, no fundo saberão quem são.
Portanto, àqueles que têm feito de minhas loucuras, uma realidade; meus sinceros agradecimentos.

Alanna Sousa

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